segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Festivais! ... bah.




Vamos lá! Estou tentando me tornar letrista! Já fiz alguns rabiscos e até fui premiado em alguns festivais. Mas digo a vocês que estão começando na música nativista... Não é fácil entrar no seleto grupo ou “panela” das pessoas que participam de festivais de música gaúcha no Rio Grande do Sul. Fico impressionado com a ruindade de muita gente, inclusive a minha! O Festival aqui de Santa Rosa, MUSICANTO, teve 500 músicas consideradas de nível baixo, como me disse uma pessoa que participou da triagem. A minha estava entre estas ruins.

Mas, revire as músicas classificadas em festivais e verás sempre os mesmos. Eles só fazem isso! Gravam mais de 10 músicas por mês e “fincam” goela abaixo nos jurados, que na maioria das vezes, só no escutar a voz do cantor, já sabe quem é.

Então, das 500 e poucas músicas, classificam duas (DUAS!) do mesmo cantor/letrista! Isso mesmo! Em 500 músicas o cara conseguiu classificar 2! Parabéns! Ele é bom! Tudo bem que o tio dele era um dos jurados, mas isso parece fazer parte da cultura gaúcha, são todos parentes! Resumindo, o tio voltou, participou do júri de classificação do festival desse ano e viu o sobrinho classificar duas em mais de 500 composições, e o tio ainda vai fazer um Show durante o evento, pago pelo evento!!! Bah!. ... Isso me repulsa! “Como pode uma pessoa participar de uma triagem e classificar um parente seu?! E 2x?”

Ah! ... E um dos melhores amigos do sobrinho, também passou uma composição e os dois ainda vão fazer mais um show no evento! .... Cruzes! Que panelaço!

Esclarecendo que cada composição dá R$3.000,00 em ajuda de custo e direito sobre a obra! São R$ 6.000,00 para o sobrinho!

Aos 500 que mandaram música, eu digo, não desistam! Não deixem de perseguir os seus sonhos! Façam suas composições, gravem e vão tentando! Um dia, quem sabe! ... Apesar de estarem batendo de frente com um pessoal que realmente entende de música gaúcha e que se dão muito bem!

Outra. Vai acontecer um festival, faz-se a triagem, e se vão o prefeito e mais uns intelectuais às rádios dizerem que o fulano, beltrano, ciclano (nomes expressivos da cultura gaúcha) classificaram composições no evento! “Parece que isso é mais importante que nomes desconhecidos.” O musicanto em sua primeira edição foi diferente, ele abriu espaço para novos cantores e letristas e houve uma enxurrada de composições lindas! Inclusive o tio, foi o idealizador! Mas parece que não agradou aos interesses.

Já sei! Vou buscar novos horizontes, outros festivais!

Então, me vou ao site do MTG, IGTF e outros de tamanha importância e vemos os sites com a lista dos festivais desatualizadas (DO ANO PASSADO!). Não existe um só site que tenha a lista dos festivais atualizadas e com inscrições abertas! Existem dezenas de festivais no Rio Grande do Sul e nenhum site publica! Só nos sites das cidades que fazem o evento, se acha alguma coisa! Mas, saiu dali, você não sabe mais nada do que está em aberto no RS! A “panela” sabe! Afinal, por que estariam a gravar tantas músicas assim em estúdios!?

Ou seja, aos 500 digo ... se virem! Eu estou tentando me virar, mas não tá fácil! Procuro na internet, nada ou muito pouca informação! Parece que não querem novos talentos, não querem mais inscrições e parece que não se importam com quem quer mostrar seu trabalho!

Tenho dito.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

BURACOS!


Certo dia desses, estava escutando uma rádio local, entrevistando o Secretário de Obras do município. BURACOS! Asfalto esburacado! Herança maldita! Então o entrevistador foi direto ao perguntar ao distinto Secretário por que a prefeitura não tem a sua própria usina de asfalto?! A resposta veio no argumento de que é muito dispendiosa uma usina de asfalto! Então me indago, “Dispendiosa”?!
Minha infância foi na antiga pedreira da Prefeitura localizada na Av. Borges de Medeiros aqui em Santa Rosa - RS. Final dos anos 70, toda a manhã era acordado pela barulheira das máquinas (vibra-dores) que fabricavam tubos de concreto. Mas nas segundas feiras, algo era diferente! Havia uma paz no início do expediente! Levantei, o olhei ao pátio do parque de máquinas que era junto à pedreira. Lá estavam todos os funcionários sentados ao chão a escutar uma pessoa que estava sentada sob uma das latas usadas para colocar a brita nas betoneiras. Fiquei admirado e perguntei a minha mãe quem era o cara que falava ao pessoal da prefeitura. Minha mãe me falou: “É o prefeito!”.
Prefeito?! Ali? Pensei que devia ser alguma coisa importante! Com certeza era importante, mas aquilo se tornou rotina! Toda a segunda feira o prefeito aparecia e sentava junto ao pessoal para direcionar as ações do pessoal da Secretaria de Obras para aquela semana. Lembro-me bem! Esse prefeito resolveu duplicar a capacidade de captação de água da usina de bombeamento de água localizada no Rio Santo Cristo! Então os contrários políticos iam às rádios dizerem “Isto é uma obra faraônica! Pra que gastar tanto?! Vai arrebentar com todo o asfalto até o centro da cidade! Pra que isso?!”
A obra foi feita. E a movimentação na pedreira tornou-se acima do normal! Na parte mais baixa da pedreira encontrava-se a usina de asfalto! Constituída basicamente de um tonel enorme cheio de “pixe” derivado do petróleo, uma betoneira gigante onde era colocada a pedra brita e acrescentava-se o “pixe” quente. Despejava-se no caminhão e esse seguia para a cidade, onde era espalhado por máquinas niveladoras e depois passado o rolo para compactar. Pronto! Estava pronto o asfalto! Eu vi tudo isso, sabia como era feito. E o prefeito calou muita gente com as suas obras! Nos dias de hoje, várias cidades da região em épocas de seca, passam a racionar água. Santa Rosa nunca teve esse problema.
E o prefeito fez história! Está marcado como uma das melhores administrações que Santa Rosa já teve! Estou falando de Antônio Carlos Borges! Grande político, exímio orador! Certo dia desses, estava em Porto Alegre e conversava com o Sr Ney Ortiz Borges, ex-deputado estadual e federal, cassado nos anos de ditadura. Ele me disse a seguinte frase que marcou:
- Omar, vou te falar uma coisa a respeito do Antônio Carlos Borges. Quando eu estava na Assembléia do estado, poucos acompanhavam o discurso dos companheiros. Mas quando o Antônio Carlos Borges, que era de um partido diferente do meu, ia ao palanque, eu sentava assim como vários colegas e apreciávamos o Deputado Borges falar. Era um espetáculo a parte! ...
“Dispendiosa”?! A usina de asfalto é dispendiosa! Sabem por quê?! Por que é mais fácil contratar empresas dessa área que além de superfaturar, contribuem aos partidos nas épocas de campanha! Isso é o que movimenta financeiramente os partidos! Nada de se fazer, e sim, licitar! Faz parte das licitações uma porcentagem destinada a este tipo de negócio! Que pena! Usina de asfalto é dispendiosa! Buracos! Em todas as ruas, nas esferas da política, nas licitações e nas palavras mal ditas!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Querem iludir quem?!






Licenciatura em Computação!

Em se tratando de educação, certas coisas me impressionam, mas nada comparado ao descaso da nossa gloriosa UNIJUI com a educação, particularmente falando do meu extinto curso de LCO Licenciatura em Computação. Comecei meu curso, maravilhado com a classe docente da minha matéria. Professor Odaylson Elder, dinâmico, grande estudioso e conhecedor das metodologias de ensino informatizado, da história do ensino e convidado a sair da instituição, o que o fez, pois sabia o que iríamos passar e da maneira como iríamos concluir nosso curso. Tivemos grandes discussões em grupos sobre as metodologias e ele abriu nossas mentes para algo que nunca imaginaríamos estar dentro, ou seja, estávamos estudando para sermos precursores das novas metodologias do ensino, no que se refere à educação informatizada! Isso! O que chamam de educação informatizada hoje, não passa de uma tentativa frustrada de uma metodologia mal estudada e elaborada.

Outro professor convidado a sair (demitido) da UNIJUI, o Professor Evandro Blume. Grande batalhador da nossa turma LCO, das novas metodologias do ensino, da maneira como realmente se deve ver a Internet, softwares e estudos na área. Ele sempre nos questionava, fazendo com que nossas opiniões viessem à tona e assim, nos orientava nos melhores caminhos e procedimentos.

E agora?! Estamos à mercê de professores (doutores) técnicos, professores que vão nos passar a informática nua e crua. Informática que todo mundo ensina. A informática que não procura trabalhar o acadêmico para a informática educativa. Estamos órfãos, e ainda estamos convidados a nos formarmos o mais rápido possível, pois a cada semestre, cadeiras nos são impostas (última oferta) para que nos graduemos urgentemente! Somos sobra de alguém que um dia, teve a feliz idéia de formar professores na área da informática educacional, de alguém que assim como eu é visionário e sabe que o futuro da educação passa pela informatização e o uso da TI. De alguém que sabe que o governo federal (também prevendo o futuro do ensino nesse sentido), destina desconto de 25% na mensalidade para quem cursar nosso curso. De alguém que não concorda com o que chamam hoje de ensino. De alguém que agora está sentindo-se demitido.

Alunos hoje se formam em suas respectivas áreas de licenciatura e vão às salas de aula, sem terem conhecido laboratórios de informática, sem conhecer ou estudar softwares educacionais de suas futuras funções, sem ter conhecido metodologias informatizadas. Dá a entender que os professores de suas cadeiras quando na faculdade, não utilizaram essas metodologias. Mas então algo evidente bate aos meus olhos! Enquanto essa roda do antigo ensino ficar a girar, nada poderá ser implantado! Explico; professores que ainda insistem em formar seus alunos no sistema que eles foram formados, ou seja, sem computadores, sem Internet, sem metodologias e que ainda por cima não se aperfeiçoaram e não se aprimoraram nas metodologias de ensino informatizado, formam novos professores. E esses novos professores que hoje estão se formando, terão valorosos 30 anos de trabalhos prestados à educação, no sistema da roda.

Dai temos laboratórios de informática nas escolas obsoletos, sistema operacional “detestado” pelos professores da roda, o “Linux”, e alguns professores que ainda tentam usar as salas, mas dizem “que os alunos só querem saber de salas de bate papo, mensagens instantâneas e comunidades de relacionamento”. Poucos sabem de softwares educacionais de várias matérias, que rodam em CD ou DVD, e que os mesmos não permitem saírem do programa, sem senha de acesso. Ou seja, que o software coordena e direciona o estudo e as consultas do aluno naquela respectiva matéria.

Por tudo isso, me sinto desolado! Com meus 38 anos e um pouco de experiência de vida, achei que estava fazendo um curso que realmente me faria feliz! Doce ilusão! Vamos em frente!qU

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ainda sobre os grupos de Arte e Cultura Nativista.

É muito produtivo a gente debater sobre esse assunto com pessoas bem informadas e formadoras de opinião! No pensar de alguns que não participam desses eventos, consideram o mesmo, um “clube do bolinha”, por entenderem que o mesmo é fechado, mas deveria ser aberto ao público (1), que não se houve ou faz-se nada de produtivo, pois a maioria fica bebendo durante o evento (2), que colocamos a culpa na mídia por não sermos ouvidos (3).


(1) ...que o mesmo é fechado. Entenda-se fechado, pois os convites são distribuídos em sua maioria a compositores, musicistas e apreciadores da cultura gaúcha rio-grandense. Reunimos-nos normalmente a partir da sexta-feira, onde a noite, os compositores e músicos apresentam seus trabalhos. Chamamos essa noite de “Tema Livre”. Muitos chegam com a letra ou com a música pronta. Daí procura-se companheiros para participarem da composição e assim arranjá-la da melhor maneira possível. Violeiros é a grande maioria, mas participam músicos que tocam Bandonion, Gaita (cromática, 8 baixos, ponto e muitas outras), Harpa, Bombo Leguero, Pandeiro, Cajón e muitos outros. Sobem ao palco e são apreciados por um corpo de jurado composto pelos próprios convidados. Cantores e Tocadores de “mão cheia”, que precisam trabalhar no seu dia a dia, pois a música não dá retorno financeiro. Ao final da noite de sexta-feira, é sorteado (divulgado) o “Tema” para a noite seguinte. Chamamos de a “Noite do Tema”. Entenda-se por tema, a palavra ou assunto no qual os letristas participantes elaborarão uma letra inédita. Elaborada essa letra, vai-se em busca de companheiros para musicá-la e arranjá-la para participar á noite. Tudo isso é feito no sábado! É muito legal, ver o pessoal reunir-se e começar a montar composições! Isso ocorre por todo o lado no acampamento!


(2) ...que não se houve ou faz-se nada de produtivo, pois a maioria fica bebendo durante o evento. A bebida é sim consumida durante o evento. Mas o interessante disso, é que a maioria são pessoas casadas, com família constituída, que levam seus guris para participarem e participam apresentando-se no palco e concorrendo na linha “piá”. Que são 2 dias, em que mulheres não participam por uma série de questões, que vão desde ao fato de “juntarmo-nos” para beber, conversar, declamar, cantar, falar bobagens (muitas!), contar piadas inapropriadas ao público feminino e para basicamente, fazermos música, sem nos preocuparmos com assuntos externos, pois os eventos são realizados distantes de sinal de celular ou outro meio de comunicação! Por isso muita gente vai! Para retirar o dia a dia, o estresse. Para as mulheres que lerem este texto, digo que as mesmas reúnem-se entre elas, e participam de um evento semelhante ao nosso daí sim, com toda a família!


(3) ...que colocamos a culpa na mídia por não sermos ouvidos. Eis o principal ponto! (no nosso pensar). Não temos nada contra a música em geral, principalmente se tratando da música gaúcha. A “Tchê Music”, já não toca mais em CTG’s e por isso está muito pouco difundida nas rádios de nossa região. Antes era o xodó, vendida como música gaúcha, de pessoas dançando maxixe em cima de um palco e usando a pilcha campeira como identificação. Essa música interessava as gravadoras.

Já nas rádios, chega a entristecer o modo como são elaborados os programas voltados à música gaúcha. Certo dia estava em negócios em Passo Fundo e tive tempo de escutar uma rádio FM, que toca essencialmente música gaúcha. Um programa que começava às 7 da manhã e ia até as 9, tocou “Tordilho Negro”. Outro programa começou após esse horário, tocou entre as suas músicas, “Tordilho Negro”, e no horário do meio dia novamente os ouvintes estavam solicitando e tocou, “Tordilho Negro”. Ou seja, as rádios não estão preocupadas em difundir novos valores, se o ouvinte ligar e pedir vai tocar! Mas por que não dão a oportunidade dos ouvintes ouvirem novos trabalhos?!

O que não interessa, são a música missioneira e de festivais. O cunho principal da música missioneira desde a sua criação é retratar verdades! E cantar verdades não atrai interesse da mídia. Outro ponto muito importante é que várias composições que hoje participam de festivais de música gaúcha / nativistas, tiveram e tem a sua origem, vindas de encontros de arte e cultura. Mas as músicas de festivais não vendem, não interessa! Ouvir uma música bem dedilhada num violão, cantar as coisas do pago, o dia a dia, cantar verdades, tudo isso não interessa à mídia. Mas digo que, existem gravadoras que lutam para difundir a música nativista gaúcha e a elas, nosso mais sincero respeito e agradecimento.

Então, divulgamos nossos trabalhos assim, participando de um festival aqui e ali (Festivais que na maioria das vezes possuem os mesmos jurados, que quase sempre classifica os mesmos compositores, que por sua vez optam também quase sempre pelos mesmos intérpretes), trocando músicas, vendendo ou comprando CD’s independentes que muitos levam nesses encontros para mostrar seus trabalhos a dez pila (R$ 10,00) cada um. E assim vamos, nos “fechando” para os modismos do momento e fazendo o que gostamos!

E gostaríamos da opinião das pessoas que dizem que somos um clube do bolinha, para nos ajudar a responder como faríamos para exercitar esse nosso gosto pela música nativista se não houvesse esses encontros?! Escutando rádio? Vendo TV?



"O nativismo gaúcho não é uma entidade e sim um movimento cultural cuja união está na identificação pessoal e na semelhança de produção artística de seus membros. Os líderes são os artistas e os organizadores de festivais, mas não há uma hierarquia estabelecida entre eles. Ambos possuem associações independentes na expectativa de uma organização maior, porém não se pode comparar com as diretorias e patronagens do tradicionalismo. Os guerreiros desta tribo são os admiradores da música nativa, da poesia gaúcha e da pajada rio-grandense. Seguem seus ídolos, mas não lhes dão exclusividade. Aplaudem e consomem o produto cultural dos que mais se identificam. Vão aos festivais com o mesmo entusiasmo com que frequentam os CTGs. Há migrantes entre os grupos, contudo pode-se afirmar independente de qualquer pesquisa de que o tradicionalismo municia o nativismo com maior contingente de pessoas do que o contrário.
O tradicionalismo gaúcho é um movimento organizado com uma estrutura hierárquica rígida e um mapeamento do Estado. É quase como um governo paralelo especificamente para o gerenciamento da tradição, mas não exclusivamente. Há uma questão humana intrínseca. Possui um presidente na capital, trinta coordenadores nas chamadas Regiões Tradicionalistas (RTs) e os patrões nos Centros de Tradições Gaúchas." Paulo de Freitas Mendonça - nativismo@nativismo.com.br

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eu sou um imbecil! ???????



Eu sou um imbecil,

por José Hildebrand Dacanal*


Meu genro era um pobre coitado. Como eu, nascido na roça e sem perspectivas de futuro. Mas eu tivera a sorte de estudar nos antigos seminários da antiga Igreja Católica, e de lá saíra conhecendo oito línguas. Ele não, mesmo porque os seminários e a Igreja daquela época já tinham acabado duas ou três décadas antes dele nascer. Uma coisa, porém, nos unia: a curiosidade intelectual e a ambição de subir na vida. É o suficiente, desde que trilhando o reto caminho, como diria São Paulo.

Quando ele apareceu, trazendo consigo não muito mais que seu bom caráter e a pouca idade, percebi imediatamente que ele era mais uma das incontáveis vítimas que, independentemente do nível econômico e da classe social, formam o desastre civilizatório brasileiro das últimas quatro décadas: 100 milhões de bárbaros, desagregação moral e caos pedagógico. E 60 mil mortos a bala por ano!

Seguindo o velho viés de ordenar o mundo à minha volta e disto tirar as vantagens possíveis para uma vita grata – como diziam os romanos –, ainda que modesta, comecei a pensar no que fazer. Cheguei à conclusão de que, se eu lhe desse alguma qualificação e o treinasse, talvez ele pudesse me ajudar em algumas tarefas braçais básicas, como digitação de textos, editoração etc. Em resumo e na terminologia dos economistas: ele obteria algumas vantagens na relação custo/benefício e eu teria mão de obra barata e confiável.

Foi aí que eu cometi um erro fatal. E um crime pedagógico. Em vez de dizer a ele que “estudar é prazer”, que “cada um deve falar e escrever como quiser”, que “análise sintática é uma velharia inútil”, que “gramática é um instrumento utilizado pela burguesia para dominar os pobres”, que “corrigir redações com caneta vermelha é violentar o aluno”, em vez de proferir tantas e tão brilhantes asnices (que os asnos reais me desculpem!), o que é que eu fiz? Peguei uma vara de ipê de um metro, bati na mesa e disse:

– Meu filho, estudar é sofrimento. Civilização é repressão. Você tem que falar e escrever segundo as regras gramaticais, do contrário você não tem futuro. Vamos começar pela análise morfológica e sintática e pelo latim, para conhecer a lógica das línguas indo-europeias.

Pior do que isto: mandei-o ler livros “velhos”, a ter seus cadernos de vocábulos, a decorar as cinco declinações latinas. E ensinei-o a dissecar sintaticamente orações e períodos. Enfim, utilizei todos os métodos antiquados, renegados e odiados pelos quadrúpedes da pedagogia dita moderna. E então o que aconteceu?

Aconteceu – incrível! – que estes métodos utilizados há 3 mil anos no Ocidente funcionaram. E produziram um milagre. E um desastre.

Um milagre porque em cerca de um ano ele dominou os conteúdos básicos da sintaxe, compreendeu o sentido das declinações e traduzia breves textos latinos. Um desastre porque logo depois ele começou a dar aulas em conhecida instituição, se prepara para o vestibular e certamente cursará Letras. E eu perdi meu auxiliar de confiança e fiquei sem a mão de obra barata que eu treinara!


Veja, surpreso leitor, como eu sou um imbecil! Se eu tivesse aplicado os brilhantes métodos desta récua de asnos defensores e promotores da pedagogia dita moderna, nada disto teria acontecido. Sim, sádico leitor, eis aí a prova irretorquível da verdade: o quadrúpede sou eu. Não eles!

*Jornalista, professor, economista

Publicado no Jornal Zero Hora/RS

Link: Para ver a puclicação clique aqui!

Agora minha opinião!

Saia à rua professor!!! Saia à rua! E verás professores com medo! Ensinar e mostrar ao seu genro quem manda é fácil professor! E ele não iria ficar de seu ajudante para o resto da vida! Deu-lhe asas, e o Sr. reconhece isso como traição!... Que pena! AGORA tente impor esse seu rigor nas escolas públicas, e verá seu carro apedrejado ou o Sr mesmo lastimado por atos de vandalismo puro! Não temos e nem teremos a mínima condição social e de segurança para voltar a este ensino que o Sr prega. Portanto, ao invés de pregar autoridade (pois se bateres com uma vara em cima da mesa numa sala de aula, no outro dia todos os pais dos alunos abrem processo contra o Sr!)ajude a formular novas metodologias de ensino! Fácil criticar o que está errado. Antigamente o professor era visto como intelectual social, mas hoje é um mero ser humano trabalhando! Eu sou um imbecil! ... Saia à rua professor! Saia à rua! Franco, Licenciatura em Computação.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sobre as Passagens Aéreas, vejam o Excelente comentário de Luis Carlos Prates da RBS TV de SC

Aproveitando o chavão do comentário do Jabor, vejam este outro! Simplesmente espetacular! Mas como ele diz, cadê o povo brasileiro!?... para mim "Devem tá olhando a novela!"


Arnaldo Jabor - Riscos que Obama corre! Comentário muito coerente!

Ou seja, o Bush arruinou com a economia, poluiu, matou e agora, te vira negão!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Grupos de Cultura Nativa Gaúcha. Esteio do Nativismo!



"Hay os que cantam desditas de amores,
por conveniência, agradando senhores.
Mas os que vivem a cantar sem patrão
tocam nas cordas do seu coração."
"Cenair Maicá - Ícone da Música Missioneira"

Cria-se um grupo de apreciadores do nativismo. Este grupo se identifica em várias áreas e então, resolvem criar um encontro. Nesse encontro, reúnem-se os próprios e convidados. Fechado ao público feminino, os homens acampados quase sempre na beira de um rio, se esbaldam em música, comidas típicas, bebida, tertúlia e muita conversa. Cada ano, mais e mais músicos e apreciadores do nativismo, participam desses eventos.

Então, a situação fica assim: começa-se com um grupo e este grupo abre espaço e esse espaço, nem sempre é ocupado por pessoas fechadas com o conceito dos fundadores. Então se cria “alas” e essas alas racham, levando fundadores! Por que isso? A gota d’água desta minha indagação ocorre por que até o maior encontro deste gênero no Rio Grande do Sul, também rachou!

Na minha cidade também ocorreu isso. Temos dois grupos que fazem a mesma coisa, mas se dizem diferentes em seus ideais ou em suas propostas. O primeiro e mais antigo, começou com um encontro como todos, na beira de um rio, às vezes sem equipamento de som, mas com aquela idéia da confraternização e de muita música. ... Depois do racha, formou-se um novo grupo que se tornou mais voltado à raiz, formado por pessoas sérias e com um ideal bem definido.

A única unidade que o Rio Grande do Sul teve, e seu povo fechou num ideal, foi em minha opinião, o movimento revolucionário Farrapo. Depois disso, interesses sobrepujaram os ideais e os ideais se distorceram ou se perderam.

E os nossos filhos de hoje, não são nem de perto, como éramos com nossos pais. Pais hoje, ocupados ou às vezes omissos, botando a culpa na escola por não educar seus filhos. Como se a escola fosse responsável em dar educação ao invés de ensinar! Filhos em uma liberdade sem ideais, livres. Sobre a nossa cultura, a maioria não possui nenhum interesse no nativismo. De música gaúcha, nada! Tem os que escutam a tchê music (proibida em ctg's, ainda bem!) onde dançam maxixe, ritmo que não tem nada a ver com a nossa cultura, mas que interessa à midia e as gravadoras. Mas isso é outro assunto!

Voltando aos grupos nativistas, parecem que não podem crescer. Devem se manter até um patamar de integrantes e nos eventos, de convidados. Então, que se dissemine pelo rio grande esse ideal. Vários encontros de grupos arte e cultura estão surgindo no estado! Para o nativismo gaúcho, para nós que gostamos de música de raiz, que possuem em suas letras ideais e costumes nossos, é ótimo que isso ocorra, pois não somos de mídia! Não temos a música que vende, pois não há interesse em se cantar a verdade.
“Quando a água é mais serena,
Inspiração com ela se faz,
Mananciais de vida plena
Forjam melodias que ficam reais
E os sonhos marcantes dos arrebóis,
Me faz lembrar dos princípios e ideais”
Omar Franco

sábado, 11 de abril de 2009

Livro Cibercultura de Pierre Levy e Minha Análise




Nada se constrói sem um embasamento sustentável, e a referência faz parte deste processo, tanto na orientação pessoal como coletiva. Antes de me tornar acadêmico, a minha referência como ser humano era local e limitada, sem saber da gama de possibilidades e aprendizagem que poderiam ser adquiridas em pouco espaço de tempo e de forma tão simples e ao mesmo tempo complexa num sentido da amplidão do horizonte. As pesquisas, os livros, as aulas, tudo me engrandece e me torna mais inteligente, e essa inteligência é inovadora, pois agora estou tratando de assunto local, social, municipal, estadual, nacional e internacional em questão de minutos. Isso tudo, faz com que minha referência seja ampliada e anexada a inteligência. Essa rapidez, é que nos torna mais dinâmicos e ao mesmo tempo responsáveis pelas nossas interpretações de determinados assuntos e estudos. E o curso me mostrou isso! Meus ideais ainda possuem as referências de outrora, mas agora estão mais “lapidados” e direcionados a minha correta formação pessoal e acadêmica.

“A inteligência coletiva que favorece a cibercultura é ao mesmo tempo, um veneno para aqueles que dela não participam, e ninguém pode participar completamente dela, de tão vasta e uniforme que é, e um remédio para aqueles que mergulham em seus turbilhões e conseguem controlar a própria deriva, no meio de suas correntes.” *

Para mim, as madrugadas em claro navegando pela rede, os assuntos, os bate-papos,
tudo isso me deslumbrava de maneira explícita e incoerente. Sabia do tempo perdido e queria recuperá-lo logo, e isso me desnorteava do real significado da Internet, pois me sentia excluído diante de tão descomunal sistema de informação, entretenimento e aprendizagem. Agora coerentemente pensando e estudando, minhas “navegadas” são mais específicas e direcionadas ao aprendizado, e a ponta do iceberg está aparecendo!

Estou me tornando um filósofo virtual! Sim! Todos nós que navegamos na rede, temos esta propensão em adquirir muito conhecimento e através dos mesmos criamos opiniões e constituímos a virtualização filosófica que é uma teia de conhecimentos interpretados, gerados e disseminados pela web. A gama de informações e conhecimento é espantosa, e cabe a nós, reciclar e absorver as reais necessidades do nosso aperfeiçoamento. Tanta informação recebida, deveria ser interpretada e repassada com novos saberes e assim por diante, até a formação universal de uma inteligência justa. Agora com a “abertura” dos meus horizontes, a minha intelectualidade está tornando-se uma formadora de opinião quase que automática, devido ao aumento considerável de meus conhecimentos para com a sociedade, ou seja, hoje analisamos e comentamos, e amanhã, poderemos ser formadores de opinião, referenciados no nosso saber, que deve ser o mais pleno e justo possível.

Os professores realmente capacitados, são grandes formadores de opiniões e estão passando por uma transição, tanto metodológicas como funcional, e embasado neste contexto cito Pierre Levy:

“A grande questão da cibercultura é a transição de uma educação e uma formação estritamente institucionalizada (a escola, a universidade) para uma situação de troca generalizada de saberes, o ensino da sociedade por ela mesma, do reconhecimento autogerenciado, móvel e contextual das competências.” *

Transição, esta é a palavra da hora na educação mundial. Nós podemos nos apoiar em grandes pensadores da educação mundial, mas temos que situar cada região e suas condições de aprendizagem. Quando converso com meus amigos e parentes, e explico que os temas, trabalhos e estudos estão praticamente envolvidos na web, fica difícil para eles absorverem tamanha evolução. Ao tentar explicar, me senti como eles quando ainda não era acadêmico, sem saberem do real significado da educação à distância e suas “vantagens”, e achar que, se tenho Internet em casa, estou conectado ao mundo. De certa forma sim, mas isso não é nem de perto a real razão para se ter tal acesso em nossa vida. O importante é você tirar conhecimentos úteis para sua vida e sua formação intelectual e profissional.

Em nível superior e, em se tratando de aprendizagem, a Internet é assimilada mais facilmente, ao contrário do ensino básico e fundamental onde o acesso é restrito e o direcionamento dos alunos em quanto estão conectados é facilmente desviado da real necessidade. E nos dias de hoje, a grande maioria das pessoas querem estudar mais, e isso faz com que os profissionais de ensino, tenham que se reciclar e adaptar-se a essas mudanças, fazendo com que o aprendizado seja mútuo, e essas experiências, sejam reunidas e divulgadas para que possamos nos orientar na aprendizagem do futuro.

Essas experiências, formarão uma gama muito grande de conhecimento. Será como nossos pensamentos e formação profissional: eles não serão totais nem até o último dia de nossas vidas! Sempre estamos aprendendo, pois não há universalidade sem escrita e essa escrita é tão vasta e rica que teríamos que recorrer as mais diversas obras sobre determinado, veja bem, determinado assunto, para podermos formar uma opinião básica e ainda assim, sem totalidade. Isso é fascinante! Se eu acho que sei tudo, a minha humildade será fundamental neste conceito do saber, pois ela me cercará de parâmetros conscientes do real aprendizado, na busca pelo conhecimento.
* Do livro Cibercultura - Pierre Levy

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Analisei "Um Fim em Sí Mesmo!"

MANIPULANDO A TÉCNICA


A técnica, criada pela burguesia como ferramenta de apoio ao desenvolvimento do ser humano, deveria ser empregada para que se tivesse melhor qualidade de vida, mais conhecimento e facilidades sobre a produção, onde se tivesse maior lucratividade com menor esforço, e o emprego e uso dela, deveria trazer muitos benefícios à humanidade, tornando o homem livre e conhecedor de práticas e técnicas que melhor identificasse os problemas vividos, em conseqüência, seria usada para encontrar as soluções para os mesmos. Dessa forma, beneficiando a coletividade. Acontece que no decorrer dos tempos passou a ser usada como meio de exploração e alienação dos trabalhadores, se transformando em mais um meio do que propriamente um fim, pois a produção, cada vez mais concentrada nas mão dos que detém os meios de produção e capital, despojou o ser humano das suas benesses.

O homem, que era consciente do mundo e de si mesmo, passa a ser consciente da habilidade de fabricar e de que é capaz de transformar a natureza, da forma que bem entender, sem medir as conseqüências, esquecendo-se que ele mesmo, o homem, fica fora de todo o processo de desenvolvimento e qualificação.

Esta burguesia foi sempre a mesma em todos os tempos, muito mais preocupada na concentração de renda e dos meios de produção, mantendo do jeito que pode o seu povo ocioso e fora do processo de desenvolvimento, cultural, social, profissional, enfim, de tudo que possa transforma-lo em um ser livre, crítico, de conhecimento apurado e capaz de conviver socialmente em paz, primando pelo bem comum. As técnicas de manipulação estão por toda a parte, na técnica da industrialização, na técnica da educação, na técnica da administração pública, da infra-estrutura, da produção e distribuição de alimentos, da preservação do meio-ambiente, enfim, do progresso e desenvolvimento como um todo. Vivemos em um mundo particionado, onde cada ramo profissional se especializa em um determinado assunto, sem se preocupar com o todo, o que põe em risco a vida humana na forma “clínica geral”, que olha para o contexto geral, tratando dos problemas sem criar contra indicações ou mesmo efeitos colaterais que hoje vivenciamos.

A razão instrumental se tornou única, separada da sabedoria, fazendo com que o ideal de produtividade seja medido pela estrutura do poder e não pelas necessidades do ser humano. O princípio da “dominação” é o sacrifício da conscientização, a subjugação do homem pelo homem e como conseqüência, o fim em si mesmo.